Na tarde da última quarta-feira (12), a Câmara Municipal de Viamão – CMV realizou uma audiência pública, por iniciativa do vereador Alex Boscaini – PT, com o objetivo de discutir as principais demandas e necessidades dos serviços de energia do município, prestados pela CEEE – Equatorial Energia, a fim de promover melhorias no atendimento à população.

Alex Boscaini enfatizou a precariedade do serviço prestado pela empresa Equatorial, que não compareceu à audiência pública, expondo que moradores de Viamão ficaram até sete dias sem o restabelecimento de energia elétrica quando na ocorrência do ciclone extratropical que causou transtornos variados no Estado do Rio Grande do Sul no último mês de junho. “A Equatorial não conseguiu atender à demanda de Viamão e de outras localidades pela segunda vez, no último temporal. Queremos saber quem vai cobrar esta empresa, pois é preciso haver o cumprimento do contrato”, diz.

O representante da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul – AGERGS, engenheiro eletricista Álvaro André Saldanha, esclareceu que há convênio com a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, de forma a monitorar os dados que são enviados pelas concessionárias a fim de efetuar uma fiscalização e, conforme a necessidade, aplicar as multas pertinentes.

“Em março do ano passado, houve uma intempérie que atingiu Viamão. A Equatorial foi multada em torno de R$ 30 milhões naquele momento. Estamos fazendo, agora, uma fiscalização durante todo o ano. Recebemos relatórios periodicamente, de dois em dois meses, sobre melhorias que estão sendo feitas nas redes”. Saldanha completa que a AGERGS tem acesso às milhares de reclamações feitas pela comunidade e verificou que Viamão é uma das cidades que mais teve problemas com o ciclone extratropical de junho. “Em relação a isso, a Equatorial já foi requisitada a apresentar um plano de ação para tratar das subestações de Alvorada, Porto Alegre 6, 14 e 16, Rincão, Santo Antônio, Viamão 1 e 2”, informa.

TRANSTORNOS À COMUNIDADE – Representantes da comunidade viamonense também participaram da audiência pública e relataram as dificuldades advindas da prestação deficitária do serviço oferecido pela Equatorial. O professor Baiard Brocker, morador da Capororoca, reiterou o quanto a população tem sofrido com os últimos eventos climáticos que se tornam cada vez mais frequentes no Estado gaúcho. “A Equatorial assumiu a prestação de um serviço para o qual não tem condições, nem equipamentos e recursos humanos suficientes”, fala.

O professor explicou que, no ano passado, por exemplo, seu irmão ficou 10 dias sem fornecimento de energia, tendo que levar geladeira e freezer para a casa de sua mãe para não perder todos os alimentos que tinha em conservação. “Nesse último evento climático, também ficaram quase uma semana sem energia. Noto que a empresa tem equipes reduzidas e sem o conhecimento necessário para dar conta de todas as demandas, principalmente em situações de emergência”, pontua.

Ele afirmou, ainda, que há muitas pessoas com problemas de saúde que padecem com a falta de energia elétrica, além de comerciantes que perdem seus produtos que necessitam de refrigeração, ocasionando impacto negativo direto na qualidade de vida das pessoas e na economia local. “A precariedade do serviço pode ser notada desde a tentativa de acesso à empresa para solicitações, pois não se consegue falar pelo 0800. As pessoas ficam literalmente abandonadas. Não há uma comunicação efetiva para informar o que está acontecendo e tranquilizar a população”, reitera o morador da Capororoca.

IMPACTO NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA – O representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul – Sindiágua/RS, Rubem Oliveira, manifestou-se sobre o impacto da falta de energia no serviço de abastecimento de água na cidade. “Quando falta energia elétrica, não há como ter água. A nossa Companhia tem registrado inúmeras demandas, pois se falta luz na estação de bombeamento, há 24, 36 ou 48h sem água aqui”.

Rubem esclarece que o serviço de água requer um certo processo de pressurização, considerando, também, o sistema integrado com outra cidade, não havendo o restabelecimento tão imediato como o de energia elétrica. “Precisamos enfatizar o impacto da falta de luz no abastecimento de água no município. Estamos permanentemente lutando para que a Corsan permaneça pública, movimentando tudo o que é possível judicialmente. No âmbito privado, se não há lucro, não se tem para quem reclamar, a não ser para os órgãos públicos, como a AGERGS”, diz.

No final da audiência, o vereador Alex enfatizou que mais relatos da comunidade serão registrados e apresentados aos órgãos fiscalizadores a fim de que providências sejam tomadas para a melhoria da prestação de serviço de energia elétrica no município.