Representantes do movimento Não ao Aterro – Não ao Lixão em Viamão participaram da sessão plenária da última quinta-feira (10), na Câmara Municipal de Viamão – CMV, para manifestação contra a possível instalação de aterro sanitário no bairro Passo da Areia/ Cantagalo. “Descobrimos que o aterro poderá vir de mais de 28 cidades para Viamão e que isto trará impactos severos à natureza e à comunidade indígena próxima à localidade. Sabemos que a Bacia do Rio Gravataí será altamente prejudicada”, diz a representante Iliete Citadin. Ela completa que a instalação poderá gerar danos não somente a Viamão, mas a toda a região Metropolitana de Porto Alegre.

O aterro poderá ser instalado na Rodovia Coronel Acrísio Martins Prates, que liga Viamão a Itapuã, e onde há produção de orgânicos. Segundo o representante dos proprietários e produtores da localidade, Rubem Schultz, o aquífero Coxilha das Lombas sofreria grandes prejuízos. “Consideramos o aquífero das Lombas como sendo o tesouro ambiental de Viamão. Com o aterro, certamente haveria um grande impacto negativo. A região em que pretendem instalar o aterro é produtora de orgânicos. Precisamos debater com a sociedade esta situação e preservar nossos recursos naturais”, pondera.

POSSÍVEIS RISCOS – A geóloga e professora doutora em Geologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Maria Luíza Rosa, realizou pesquisa de ação de extensão intitulada ‘A geologia de Viamão (RS): recursos naturais e o uso do solo”, tendo concluído a primeira etapa do estudo a respeito dos aspectos geoestruturais e recursos hídricos.

Durante a sessão plenária, a professora explanou que a instalação de um aterro sanitário nas locações pretendidas significa assumir alguns riscos ambientais. “Há possibilidade de vazamentos em consequência a acomodações do terreno. Além disso, há risco de poluição dos recursos hídricos superficiais, com potencial para atingir redes de drenagem com sentido ao Lami (lago Guaíba), Itapuã (lago Guaíba) e nascentes do Rio Gravataí”, disse a professora Maria Luiza. Na apresentação, também houve a exposição de que há risco de poluição dos recursos hídricos de subsuperfície, compreendendo o Sistema Aquífero Embasamento Cristalino e o Sistema Aquífero Quaternário, a partir dos quais os poluentes também podem atingir os recursos hídricos superficiais. “A instalação do empreendimento pode significar a degradação de um sistema aquífero de importância estratégica, que constitui patrimônio e riqueza do município de Viamão: o aquífero Coxilha das Lombas”, destaca a professora da UFRGS.