Na tarde desta quinta-feira (30), na Câmara Municipal de Viamão – CMV, por iniciativa dos vereadores Alex Boscaini – PT e Rodrigo Pox – PDT, foi realizada Audiência Pública para debater questões relacionadas ao atendimento do Hospital de Viamão – Fundação Universitária de Cardiologia em decorrência do não comparecimento à primeira audiência pública, realizada no último dia 11, para tratar sobre o mesmo assunto. Audiência ocorreu em decorrência de requerimento de autoria do proponente, Alex Boscaini – PT.  

O presidente da Câmara, Prof. Igor Bernardes- PL, abriu o evento, anunciando a composição da mesa, o vereador proponente, Alex Boscaini, diretor do Hospital, Leandro Santos, o diretor da área médica do Hospital de Viamão, Marcelo e promotora de Viamão, Gisele Moretto 

As instituições que se fizeram presentes foram a Direção do Hospital de Viamão, Ministério Público de Viamão e Conselho Regional de Enfermagem do RS (Coren). 

A promotora Gisele Moretto, abriu o espaço de fala para manifestar-se acerca do tema, onde destacou como é atuação do Ministério Público na área da saúde. 

“A atividade do MP na área saúde busca atuar prestando serviço ao todo, pensando na coletividade da população, não atuando individualmente na demanda de cada cidadão. Nos casos individuais orientamos ações com advogados, defensoria pública, entra também o CREMERS, que avalia a ação, buscando compreender o que foi feito e o que deixou a desejar. A vigilância sanitária do município também participa, onde faz fiscalizações nas dependências do hospital, ou seja, o corpo técnico atua para identificar as demandas”, diz Moretto. 

Promotora Gisele Moretto

O diretor geral do hospital de Viamão , Leandro Santos, falou sobre os custos e despesas da entidade. Nosso contrato de 2017 teve a perda de R $2 milhões de receita, em 2016 o Hospital de Viamão não cumpriu essa meta, tendo reflexo no ano seguinte, com a  perda de R $1 milhão, mas a meta foi cumprida. 

“Vale falar que o hospital possui 660 funcionários, 185 leitos, é um grande empregador da cidade  com todos os encargos e leis dia”, ressalta o diretor. 

Leandro Santos – Diretor do Hospital Viamão

 A pandemia de covid-19 foi um desafio para o hospital de Viamão. 

“O ano de 2020, 2021 foi atípico por conta da crise sanitária que assolou o mundo. Foram 50 mil atendimentos  no ano de 2021, tivemos menos nascimentos porque a maternidade foi fechada, para atender os casos de coronavírus, três mil cirurgias, 500 exames realizados no ano passado. Em 2020 tivemos um resultado negativo por conta do impacto da pandemia. Já em 2022 tivemos receita de 5 milhões, que foi diluído nas despesas para o enfrentamento da pandemia”, explica Marcelo.  

O diretor do hospital possui 155 leitos de internação, 15 leitos de UTI, e para atender de forma satisfatória os moradores, seria necessário mais 329 leitos e mais 15 leitos de UTI. 

“Quem é penalizado pela falta de leitos é a população e o próprio hospital, que paga pela falta de outro hospital. O hospital nunca fechou suas portas, nunca deixou de atender ninguém, os funcionários são penalizados, o hospital é pequeno para o tamanho da cidade, não é compatível com a cidade, essa é nossa emergência hoje”, diz o diretor do hospital.  

O diretor técnico da área médica do hospital, Marcelo Fagundes, explicou a respeito da infraestrutura da entidade. 

“Diante dos apontamentos do Ministério Público precisamos de adequação da área física do hospital. Precisamos fomentar e estimular o hospital a reagir independentemente das dificuldades. Amanhã está para ser liberada verba para equipamento, melhorias nos banheiros, enfim, toda a área de infraestrutura, que estão hoje bastante sucateadas”, salienta. 

Marcelo Fagundes – Diretor Técnico da Área Hospitalar do Hospital Viamão

Superlotação: Segundo o diretor técnico, no período pós-pandemia de covid- 19, o hospital enfrenta casos pendentes nos atendimentos, como as cirurgias eletivas, por conta da superlotação e pelo risco de contaminação por covid-19, em decorrência da terceira onda.   

O vereador Fabrício Ollermann -MDB, usou a tribuna para pedir o retorno da maternidade de volta para Viamão, além de fazer solicitações para a direção do hospital. 

“Quero pedir ao diretor do hospital que a comunidade tenha mais acesso às dependências do hospital. Uma audiência pública é pouco, precisamos estar sempre falando sobre saúde”, diz. 

Thiago Gutierres – PSD salientou que o Viamão precisa de representatividade em âmbito nacional e federal. 

“Nós do legislativo fizemos a nossa parte, nós aprovamos a compra do terreno ao lado para a ampliação do hospital, precisamos de representantes para brigar pelo município, brigar pela saúde, trazer recursos, necessitamos de representativas na esfera maior”, diz o parlamentar

O vereador Rodrigo Pox – PDT usou a tribuna para manifestar-se, onde pediu a organização da estrutura do hospital. 

“Gostaria de deixar como sugestão que exista mais proximidade entre o diretor do hospital com a secretaria de saúde, precisa ter essa ligação, essa ponte com as UPAs com as UBSs. Precisaria ter mais transparência no atendimento do hospital, parabenizo os médicos e enfermeiros que trabalharam duro na pandemia. Peço o apelo final que centralize e reorganize o atendimento entre UPA, UBS e Hospital de Viamão”, falou Pox. 

O vereador proponente da reunião, Alex Boscaini, manifestou-se acerca da importância da audiência. 

“As respostas de hoje são para a população de Viamão. O hospital foi notícia na imprensa regional, queremos soluções, porque o hospital recebe recurso público. O que nós temos que fazer é debater o assunto, trazer as observações, e reconhecer e melhorar o atendimento para o conjunto da população de Viamão, então é isso que nós queremos tirar como resultado da reunião final”, falou Alex.

A vereadora Fátima Maria – PT falou sobre a necessidade de trazer a maternidade de volta para o município, pediu que seja criada uma comissão para acompanhar os encaminhamentos tomados na audiência de hoje. 

O presidente do legislativo, Professor Igor – PL usou seu espaço na tribuna para discorrer sobre a necessidade de avançar em assuntos mais profundos sobre a saúde, no que tange a modelagem do atendimento do SUS. 

“Diariamente recebemos pedidos de ajuda e ficamos de mãos atadas. Precisamos debater a saúde no âmbito mais profundo, desde a construção do sistema único de saúde, visto que o SUS é modelo e referência de atendimento. Outro fato é que faltam médicos, precisamos suprir essa demanda”, diz o chefe do legislativo.